Leite

Abraleite pede união entre os elos da cadeia e diz que setor precisa se comunicar ‘melhor’

Segundo o presidente da Abraleite, o setor que tem um papel muito importante e precisa com urgência se organizar para conseguir sobreviver

A pecuária leiteira foi uma das cadeias que mais sofreram durante o ano de 2021. O valor pago pelo litro de leite perdeu feio para o custo de produção. Durante o ano, principalmente os pequenos produtores optaram pelo descarte de animais e até abandonaram a atividade.

Em novembro de 2020, o preço médio do litro de leite pago ao produtor no Brasil era de R$ 2,04. Em novembro de 2021, o valor subiu para R$ 2,18, aumento de quase 7%. No entanto, o percentual não cobre sequer a inflação e perde de goleada para o custo de produção.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, o setor que tem um papel muito importante na agricultura familiar do país e precisa com urgência se unir e se organizar para conseguir sobreviver.

“A gente sempre teve o desestimulo nos momentos em que o produtor recebe preços baixos pelo seu produto. Mas hoje estamos vivendo um momento diferente nessa pandemia, com todos os produtos subindo muito mais do que a remuneração. Nós estamos vivenciando um momento mais difícil ainda com o custo de produção inviabilizando o negócio de muitos pequenos produtores. Isso vem sendo observado há alguns anos”, observa Borges.

Para tentar mudar esse cenário, segundo a Abraleite, é preciso unir e organizar toda a cadeia produtiva.

“A assistência técnica não é disponibilizada em todas as unidades da federação. Temos muita dificuldade, principalmente para os pequenos produtores de leite. Também há o desafio de um melhor relacionamento entre os elos do setor, não só entre os produtores e as indústrias. Nós precisamos também que o terceiro setor, aquele que é leva o consumidor, também sente a mesa. nós temos trabalhado muito isso para que o setor não só se una mas também se organize”.

Segundo o presidente da entidade, o modelo de organização pode ser semelhante ao que é adotado em outros países que são grandes players na cadeia leiteira.

“Temos exemplos, como a Nova Zelândia, que trabalha a cadeia produtiva do leite com ênfase por isso ela é hoje é o maior exportador de lácteos mundial.  E nos dá um exemplo pelo tamanho, já que o país é do tamanho do Rio Grande do Sul. Nós temos muita coisa que precisa ser feita para dentro e para fora das porteiras”, afirma Borges.

Ao fazer uma autocrítica, o dirigente lembra que o setor precisa melhorar a imagem da cadeia leiteira e investir no marketing e imagem deste setor.

“O setor se comunica muito mal. O agro como um todo não é só o leite. Se comunica bem para dentro. Mas existem muitas falhas de comunicação, principalmente do setor para fora, ou seja nós temos que mostrar cada vez mais para o público consumidor, quem não consome, ou aquele que nunca consumiu os nossos produtos, o quanto é importante o consumo de lácteos e derivados de leite para a saúde, mostrando como a gente produz com responsabilidade , preservando o meio ambiente e o quanto é importante a cadeia produtiva de leite brasileira na geração de emprego e renda no campo e na cidade”, avalia.

Medidas para os produtores de leite

Durante as últimas sessões antes do recesso, o Congresso Nacional aprovou algumas medidas emergenciais que beneficiam agricultores familiares, incluindo os quase 400 mil pequenos produtores de leite. Entre elas, renegociação de dívidas rurais com desconto de até 95%, liberação do Garantia-Safra para os agricultores que perderam mais de 50% da sua produção e flexibilização das garantias, utilizando não só o rebanho mas também a produção para pagamento de dívidas.

No entanto, segundo o presidente da Abraleite, outras dezenas projetos continuam engavetados em Brasília e dificilmente serão votados neste ano.

“A Abraleite acompanha mais de 70 projetos na Câmara e no Senado. Infelizmente o que a gente tem que fazer é uma crítica generalizada. Nada anda aqui em Brasília, os Três Poderes são extremamente morosos. Vamos enfrentar um ano eleitoral em 2022 que vai com certeza travar mais ainda os nossos projetos de lei dentro do Executivo. É uma pena que a gente tenha que esperar até 2023 para alavancar mais todos esses nossos projetos e pleitos”, finaliza.