Mercado e Cia

'Podemos passar por uma profunda recessão', diz coordenador do Insper Agro

Coordenador do centro acredita que o Brasil deve assegurar a eficiência de seu sistema sanitário nesse momento de incerteza devido ao coronavírus

Em entrevista no Mercado & Cia desta terça-feira, 31, o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, conversou a respeito da segurança alimentar mundial e o papel do Brasil em meio a pandemia do novo coronavírus, o que gera incertezas e preocupações no mercado mundial.

De acordo com Jank, o Brasil precisa participar mais dos debates internacionais sobre segurança alimentar e assegurar que o mundo não fechará suas fronteiras para exportação e importação de alimentos em um momento em que países estão tomando essa iniciativa como forma de conter o avanço da doença.

“O mais importante é cuidar da imagem do Brasil. Temos um sistema sanitário bastante sólido, conseguimos transportar perecíveis para mais de 150 países e temos que assegurar que nossos produtos passa por um processo sanitário confiável. Podemos ter um cenário de recessão profunda na economia principalmente se a contenção sanitária for muito longa”, falou.

Jank acredita que a questão mais preocupante é a situação global em médio e longo prazo, pois a doença ainda não chegou em grande escala para países de terceiro mundo e, caso isso ocorra, ele acredita que as medidas de contenção não serão tão eficientes como nos países desenvolvidos.

“Precisamos estar muito atentos sobre a possibilidade de vivermos uma nova crise de segurança alimentar no mundo por problemas nas cadeias de suprimento, assim como devido às medidas de contenção e fechamento de fronteiras. No momento, vemos um cenário de fortalecimento do mercado interno de cada país e isso afeta o agro que se beneficia dessas exportações”, diz Marcos.

Para o coordenador do Insper Agro Global, o momento beneficia alguns setores e prejudica outros no curto prazo. “Nessa primeira fase da contenção acredito que exista ganhadores como o setor de alimentação e os setores que perdem nesse momento são do etanol que é prejudicado com a queda no preço do petróleo, flores e hortifrutigranjeiros. Vemos ganhos em mercados e açougues e perdas significativas no setor de bares, restaurantes e hotéis.