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Plano Safra: entidades do agro esperavam juros ainda menores; veja reações

Nesta terça-feira, 2, o Canal Rural obteve com exclusividade acesso a detalhes das taxas de juros que o Governo Federal planeja apresentar em 15 de junho

Neste terça-feira, 2, o Canal Rural obteve com exclusividade acesso a detalhes das taxas de juros que o Governo Federal planeja apresentar no anúncio do Plano Safra 2020/2021, que vai acontecer no próximo dia 15 de junho. De acordo com fonte do Ministério da Agricultura essas taxas devem ser aplicadas nos financiamentos.
Contudo, algumas entidades do agronegócio brasileiro não avaliaram de forma totalmente positiva a proposta de juros para o setor. Confira:

Aprosoja Brasil 

De acordo com o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, era esperado que as taxas fossem reduzidas conforme a queda da taxa Selic do último ano. “A redução não veio como esperávamos, foram atendidas apenas metade das nossas solicitações, trabalhávamos com juros próximos de 4% e 4,5%, e está vindo a 6,5%. O governo está justificando a dificuldade de que se baixar o juros vai diminuir o recurso, mas para um setor que está mostrando que é capaz acaba sendo muito pouco”, afirma o presidente.
Segundo ele, o setor ficou um pouco decepcionado porque o custo de produção em 2020  está muito elevado e, por isso, o produtor precisaria tomar muito cuidado. “Outro ponto que precisamos nesse plano agrícola é  acesso ao crédito, infelizmente esse recurso está vindo e voltando por falta de acesso, uma política de mais conhecimento do setor agrícola brasileiro e também ao acesso seguro para os produtores que não buscam os bancos oficiais. Estamos trabalhando para que o governo entenda essa melhor modalidade para acessar esse crédito”, explica Bartolomeu Braz.

Farsul

Segundo o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul  (Farsul) , Antônio Da Luz, o setor mostrou preocupação após a divulgação dos valores e que a notícia pode ter grande impacto sobre o mercado financeiro agrícola.

“Nós entendemos perfeitamente o estresse que está o mercado financeiro por conta da pandemia, por conta de todos os problemas que estão acontecendo no mundo inteiro, em particular aqui no Brasil. Todos nós estamos acompanhando as perdas que estão acontecendo na produção industrial, nas vendas do varejo e  estamos vendo que nesses últimos dois meses um milhão e meio de pessoas perderam seus empregos. E tudo isso influencia nas expectativas do mercado financeiro para o futuro. Tudo isso nós sabemos e tudo isso explica em boa medida o porquê de termos juros tão elevados, apesar dos esforços do governo federal, do Banco Central, em dar liquidez”, afirma o especialista.

Segundo ele, nesse momento, aonde existem conflitos de expectativa, que é importante que o presidente Bolsonaro entre nessa discussão. “É importante ele apoiar os pleitos pleitos, não só da ministra [Agricultura] Tereza Cristina , mas também das entidades representantes do agro, que colocaram como topo da lista de reivindicações, para o próximo Plano Safra, juros mais baixos. Então é importante que o presidente entre em campo, bata o martelo  na defesa do Ministério da Agricultura nessa discussão sobre os juros. Porque estes juros como foram antecipados estão muito elevados. Daqui até o anúncio tem muita água para passar debaixo da ponte, quem acompanha Plano Safra, sabe que essas últimas duas semanas são definitivas para o que nós vamos viver um ano inteiro depois disso. Por isso a importância desse momento, de sim ter um trabalho firme no sentido de baixar mais o juros ainda.”, diz.

Fetag-RS 

Já para a  Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, o que permanece agora é a expectativa de que o governo reavalie as taxas propostas para o setor.

“A Fetag do Rio Grande do Sul quer crer que esses percentuais de juros que estão sendo postos, não sejam os verdadeiros que vão vir no anúncio do Plano Safra. Não podemos aceitar em hipótese nenhuma juros da agricultura e da pecuária acima da taxa Selic. Para agricultura familiar pensamos num juros de 1% a 2% e para os demais produtores deslumbramos com a possibilidade dos juros estarem acima  da taxa Selic. Isso seria um despropósito por parte do governo de cobrar de um setor que está segurando o país de pé, a conta de toda uma crise do coronavírus, de toda uma crise estipulada pelo governo, que nós não podemos pagar esta conta. Jamais iremos aceitar isso”, afirmou o presidente da entidade, Carlos Joel.