Blairo Maggi diz que Agricultura não tem recursos para equilibrar o mercado de leite

O ministro afirmou ainda que a crise no setor deve ser resolvida quando a economia melhorar

Fonte: Pexels

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta segunda-feira, dia 16, que a pasta não tem recursos para equilibrar o mercado do leite com compras governamentais do produto e que a crise no setor deve ser resolvida com o aumento da demanda quando a economia melhorar.

Segundo ele, o leite não precisa de incentivos para ser consumido no Brasil e a retomada da economia deve resolver a situação dos produtores, prejudicados pela queda dos preços internos. “Todos nós consumimos leite pela manhã, compramos produtos com leite. Para aumentar o consumo tem que aumentar a renda. Quanto maior a renda dos consumidores, mais eles partirão para a compra de comida e de insumos pessoais”, disse.

O ministro reconheceu que o governo poderia comprar o leite, estocá-lo e vendê-lo quando as condições de mercado estivessem melhores, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas disse que não há orçamento para isso neste momento. “O ministério não tem orçamento. Há uma discussão dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário para que possam alocar algum recurso ainda neste ano e a gente possa fazer uma compra maciça, enxugando o mercado, isso ajuda bastante”.

Nesta terça-feira, dia 17, a  Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios e deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) devem se reunir com o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra.  Na pauta está a solicitação para que o governo retome a aquisição de produtos lácteos para os programas sociais, que foi descontinuada nos últimos anos.

Em todo o Brasil, há mais de 1 milhão de produtores de leite e há registro de atividade leiteira em 99% dos municípios. Em toda a cadeia do leite estão envolvidos cerca de 4 milhões de trabalhadores.

Suspensão do Uruguai
Atendendo a uma demanda do setor, o ministro decidiu suspender as licenças de importação de leite do Uruguai. Mais barato, o leite uruguaio, de acordo com MAggi, tem contribuído para a crise no setor no Brasil e a situação está se transformando em quase insuportável para o produtor local, em função dos custos que inviabilizam competir com o produto do país vizinho. O argumento usado pelo ministro foi de que o Uruguai exporta mais leite do que produz, o que poderia sinalizar que o país vende ao Brasil leite comprado de terceiros.

Parceiro comercial
O comércio com o Brasil é estratégico para o Uruguai. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram que o Brasil comprou 86% da produção de leite em pó desnatado uruguaio e 72% do integral, em 2017. Nos primeiros seis meses deste ano, já foram importadas 41,8 mil toneladas de leite em pó do país vizinho. No total, 36% do comércio de produtos do agronegócio e 25% de todos os produtos comercializados entre os países referem-se a produtos lácteos.

Ao receber a notícia da suspensão, o governo uruguaio se disse surpreso e afirmou que a decisão foi tomada de forma unilateral pelo Brasil, sem nenhuma advertência anterior. Segundo o chanceler Rodolfo Nin Novoa, é “absolutamente insustentável que se diga que o Uruguai triangula leite para vender ao Brasil”. Novoa diz que o Uruguai vende 100 mil toneladas de leite por ano ao Brasil. Por outro lado, importa apenas 300 toneladas de outros países.

O Uruguai advertiu que a postura do Brasil poderá prejudicar a abertura da União Europeia ao Mercado Comum do Sul (Mercosul). “Quando os negociadores  virem como, entre nós, seguimos colocando travas, nossa posição se torna inconsistente”, afirmou Novoa. O governo uruguaio enviou uma nota ao Brasil expondo esses riscos.

De acordo com nota divulgada pela presidência do Uruguai, na última sexta-feira, 13, o presidente Michel Temer conversou por telefone com o presidente Tabaré Vázquez. Segundo os uruguaios, Temer comunicou “seu compromisso pessoal de que não haverá inconvenientes no ingresso de produtos lácteos uruguaios no Brasil”.