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Para garantir qualidade, sementeiras investem alto na armazenagem

Semana da Semente de Soja mostra a produção de sementes em cinco estados; na terceira reportagem da série, o assunto é armazenagem

Na última década, a área cultivada de soja aumentou 13 milhões de hectares e a produtividade subiu 15%. Com isso, cresce também o desafio de transportar e armazenar as sementes da forma correta, o que exige controle de calor e umidade.

No Brasil, as temperaturas chegam a passar de 40 °C em algumas regiões. E cultivar uma boa semente é fundamental, especialmente quando o Brasil está de olho em mais um recorde. 

Nesta safra, os produtores esperam tirar 141,3 milhões de toneladas de soja, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em Mato Grosso, maior produtor nacional do grão, por exemplo, a expectativa é colher 37,4 milhões de toneladas.  

Líder em volume, o estado também se destaca pela qualidade, especialmente das sementes de soja.   

“O material sendo colhido com qualidade, levado para indústria, sendo secado, beneficiado, embalado e armazenado, faz com que a garantia de um bom produto, de um serviço de qualidade, seja levado para o campo e se torne uma lavoura no ano seguinte”, diz o gerente comercial da Agrosol Sementes, Pedro Tomazelli.

Armazenagem

Para garantir qualidade, as empresas produtoras de sementes de todo o país investem alto na armazenagem. 

Em unidades de produção de sementes, a tecnologia se traduz em estruturas grandiosas, cheias de inovação, com armazéns refrigerados e com controle de temperatura. No Brasil, o uso do ar-condicionado é indispensável para que as sementes resistam à variação climática de um país com dimensões continentais.  

Victor Griesang, gerente de produção da Sementes Tropical, conta que começa a planejar uma safra com dois anos de antecedência, e que depois de produzida, a semente de soja fica, pelo menos, seis meses armazenada em ambiente refrigerado e controlado. O ambiente não pode ser quente, nem frio demais. O grão precisa manter um teor de água de 11% a 13%.  

“Eu consigo identificar todos os dados de origem do lote [de sementes]. A variedade, quando nós ensacamos, qual é pms [peso de mil sementes]. Fazemos o acondicionando da semente para que ela esteja em condições perfeitas para ir à lavoura”, afirma Griesang.

Na região Centro-Oeste ou na Bahia, é comum enfrentar longos períodos de temperaturas acima de 40 ºC. Nas sementeiras, os ambientes de armazenagem são climatizados. Não dá para correr riscos com tanta produção.

Mas não adianta receber a semente em boas condições e não conseguir manter a qualidade até o momento de semear. A família Minuzzi, de Mato Grosso, perdeu boa parte da produção na safra passada, justamente por falhas na armazenagem.

“Ano passado, a gente ficou 20 dias sem conseguir plantar por falta de chuva. E aquele calorão no barracão. O prejuízo final foi bem grande”, conta o produtor Thiago Minuzzi, que investiu em um armazém novo, com ar-condicionado.   

O professor da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Geraldo Chavarria estudou o vigor da semente de soja, sob diferentes condições de temperatura e umidade.

Segundo ele, a pesquisa apontou que o cuidado com transporte, armazenagem e plantio no momento adequado para a genética desenvolvida são fatores fundamentais para que o produtor consiga atingir o máximo do potencial produtivo.  

Semana da Semente de Soja

Nesta quinta-feira, 23, o tema da Semana da Semente de Soja, parceria do Canal Rural com a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass), será “boas práticas”.